quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

SERRALHA, Chicória brava, Sonchus oleraceus


SERRALHA, Chicória brava, Sonchus oleraceus



Já adquiri um maço desta verdura na feira orgânica da Água Branca. Consumi crua na salada, em omelete, no suco verde e na sopa. Dê preferência para colher as folhas e ramos mais novos. Embora nasça em calçadas, praças, jardins... não consuma essas plantas colhidas nas ruas porque estão constantemente expostas à poluição, metais pesados, vários materiais contaminantes... procure plantar em vasos, em casa ou colher em alguma horta comunitária, ao abrigo de animais de rua, longe de postos de gasolina e grandes avenidas.
Segundo Valdely Kinupp no livro Panc, pode-se consumir as flores e botões à milanesa. A Serralha possui proteína, lipídios, carboidratos, cálcio, magnésio, fósforo, sódio, potássio, betacaroteno, luteína e violaxantina. Os carotenoides (pigmentos dos vegetais) como o betacaroteno, a luteína e violaxantina são antioxidantes, protegendo a pele do sol e evita o seu envelhecimento. A luteína também é chamada de vitamina do olho e ajuda a evitar a degeneração macular e a catarata.
Na medicina popular é usada para problemas hepáticos e biliares e usado externamente como cicatrizante (Harri Lorenzi/F.J.Abreu Matos em Plantas Medicinais no Brasil).
Serralha, Sonchus oleraceus no Jardim Siciliano, ago/16

Serralha nos canteiros da Praça Vitor Civita, ago/16

domingo, 4 de dezembro de 2016

BELDROEGA GRAÚDA, Maria-gorda, Talinum paniculatum e BELDROEGA MIÚDA, porcelana, Portulaca oleracea

BELDROEGA GRAÚDA, Maria-gorda, Talinum paniculatum e BELDROEGA MIÚDA, porcelana, Portulaca oleracea

Estas duas plantas sempre fizeram parte da minha vida, sobretudo na época em que morava no interior, pois me lembro de ver a flor tão linda da beldroega graúda, mas não sabia o nome, gostava de colher ramos com flores quando era criança. Nascia aos montes na horta da minha mãe em Araçatuba, porém de outra espécie, Talinum triangulare, esta recentemente vi na cor branca enquanto visitava a família em Araçatuba em outubro.

A beldroega graúda é rica em magnésio, potássio e cálcio, segundo o livro PANC de Valdely Kinupp e Harri Lorenzi. Pode ser consumida em salada ou refogada. Na medicina popular é usada externamente para cicatrização de feridas, inflamações e afecções da pele: eczemas, pruridos, erisipelas e coceiras (Harri Lorenzi, Plantas Medicinais no Brasil). É antioxidante e antimicrobiana, rica em vitamina C. Estudos revelam que, ..."por conter fenóis e complexos com íons Fe II, de modo semelhante ao Ginkgo biloba, também possa apresentar propriedades neuroprotetoras." (Ana Paula de O. Amorim)

A beldroega miúda, tem folhas arredondadas e menores. Segundo Kinupp é rica em ômega-3 e excelente fonte de vitamina B e C, e alto teores de magnésio e zinco. Sempre colha os ramos mais jovens, pode ser consumida crua ou cozida. As sementes de ambas espécies podem ser usadas em pães e no arroz. É considerada anti-inflamatória, vermífuga, antibacteriana e cicatrizante.

Outro uso destas plantas é adicionar algumas folhas ao suco verde.

Beldroega graúda, major-gomes ou maria-gorda, Talinum paniculatum, Vila Romana, SP, 2016

Beldroega miúda ou caaponga, Portulaca oleracea, rua da Consolação, SP, 2016

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

OFICINA DE PANC NO SESC PINHEIROS - 16/11/16

Esta semana realizei minha 3ª oficina de panc em unidades do Sesc, uma das plantas apresentadas foi a ora-pro-nobis, planta conhecida como comestível em Minas Gerais, também conhecida como carne de pobre por seu alto teor de proteína vegetal. Contém uma mucilagem, uma babinha quando mastigada. As folhas e flores podem ser consumidas cruas em saladas.

Consegui um pequeno buquet de flor de sabugueiro da horta das corujas para apresentar também, planta esta já apresentada neste blog com receita de sorvete de banana, morango, mastruço rasteiro e flores de sabugueiro passadas na manteiga.













A pedidos, vai a receita da bolo salgado de ora-pro-nobis:

1 1/2 xíc. (chá) de farinha integral orgânica
1 1/2 xíc. (chá) de farinha de trigo orgânica
1 1/2 xíc. (chá) de leite ou água
1 xíc. (chá) de óleo
1 cebola picada
2 dentes de alho picados
3 ovos
2 colheres (chá) de sal
2 colheres (sopa) de fermento em pó
2 xíc. (chá) de queijo ralado

recheio: 2 tomates picados, orégano, 3-4 xícaras de folhas de ora-pro-nobis picadas *

Em uma tigela misturar as farinhas, os ovos e aos poucos o leite para não empelotar, mexer devagar... Adicionar o restante dos ingredientes, mexer. Pôr a massa em uma travessa untada e enfarinhada.

Levar ao forno pré-aquecido, não muito quente, assar por 45 minutos ou até dourar.

* No caso usei também umas folhas de bertalha-coração que tenho em vasos em casa, folhas de orégano frescas e por engano me esqueci de colocar o fermento em pó... não cresceu, mas o público aprovou...

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

FLORES DE SABUGUEIRO, Sambucus nigra


FLORES DE SABUGUEIRO, Sambucus nigra

Em um dos Passeios guiados da Neide Rigo, nutricionista e colunista do Caderno Paladar do Estadão, conheci o sabugueiro em sua horta comunitária de temperos na City da Lapa... as florezinhas brancas caem em cachos, lindos! E as abelhinhas as adoram... Seu cheiro é incrível, sabor delicioso... A Neide nos preveniu que as flores são tóxicas, mas que poderíamos comer se for só um pouquinho... um cheiro adocicado maravilhoso. Naquele dia havia uma professora de culinária italiana que me contou que na Itália se come as flores empanadas, pois quando esquentadas, perde a toxicidade.

Depois dessa aula fiquei de olho nos sabugueiros da cidade, muito procurei até conseguir encontrar meu primeiro sabugueiro, no Alto das Lapa, tinha alguns galhos floridos e não tive dúvidas, as flores seriam usadas em algum prato ainda a ser inventado, colhi alguns galhos floridos e trouxe para casa.

Resolvi então fazer um sorvete de bananas e morangos congelados, com um pouco de mel, alguns galhinhos de mastruço rasteiro (Coronopus didymus), erva esta já publicada anteriormente. E para decorar e refinar o sabor, flores de sabugueiro passados na manteiga, salpicado com algumas florezinhas brancas do sabugueiro.

No livro Plantas Medicinais de Harri Lorenzi, ele cita a planta cujos usos remontam a Idade da Pedra. As flores e frutos são usados contra resfriados, sinusite e para eliminação de secreção e a casca, para artrite. As folhas são tóxicas, não devem ser utilizadas oralmente, contém um glicosídeo cianogênico tóxico.

Flores de sabugueiro na Praça Nova Lapa, outubro/2016

Flores de sabugueiro colhidas no Alto da Lapa, outubro/2016

Sabugueiro, Sambucus nigra, no Alto da Lapa

Sorvete de banana, morango, mastruço rasteiro e flores de sabugueiro

terça-feira, 20 de setembro de 2016

DENTE-DE-LEÃO, Taraxacum officinale



DENTE-DE-LEÃO, Taraxacum officinale

Alegria das crianças... quem nunca assoprou a bola de sementes do dente-de-leão? Nesta época do ano tenho visto os dente-de-leão espalhados pela cidade, nascendo alegremente em praças públicas, jardins, calçadas... As folhas tem formato de setas e saem do chão como uma coroa, enquanto a serralha sobe em um galho e também dá folhas em formato de seta, bem parecida, com flores amarelas e sementes em bolinhas.

Segundo Valdely Kinupp no livro PANC – Plantas Alimentícias não Convencionais, as folhas jovens do dente-de-leão podem ser consumidas cruas em salada, os botões florais em empanadas ou em omelete. As folhas frescas são ricas em vitamina A, potássio e cálcio. As raízes tem inulina.

A inulina é fibra prebiótica que melhora a saúde digestiva, melhora a absorção mineral e saúde óssea. Melhora o sistema imunológico, ajuda na prevenção e tratamento de osteoporose.

As folhas e flores do dente-de-leão são amargas. É desintoxicante, purifica o sangue. Indicado no tratamento auxiliar de eczemas, dispepsias, diabetes, constipação intestinal crônica, distúrbios menstruais, cálculos renais e vesicais, reumatismo, artrite e gota, afirma dr. Francisco Leal do Vale do Thithamá.

Dente-de-leão, parque Mário Covas na av. Paulista, julho/2016


Dente-de-leão, Taraxacum officinale


obra: Semente de Dente-de-leão, Regina Yassoe Fukuhara, aquarela sobre papel, 2016

Serralha, Sonchus oleraceus, na Av. Rio Branco



sábado, 3 de setembro de 2016

TANCHAGEM, tansagem – Plantago major, Plantago tormentosa


TANCHAGEM, tansagem – Plantago major, Plantago tormentosa

O primeiro uso que eu soube sobre a tanchagem foi medicinal como cicatrizante. Logo depois soube que era uma panc e comecei a acrescentar as folhas frescas à salada. Não tem sabor especial. Pode-se também fazer refogado, em sopas, em tortas...

Na medicina guarani é usada em gargarejo para afecções da garganta e se chama kaajuky, e significa erva de sal, conforme me explicou meu amigo guarani Jurandir. Possivelmente uma das plantas transformadas em cinzas para extrair o sal... pesquisa a ser feita...

Na medicina popular é usada como depurativo do sangue, para tratar varizes, gengivite, faringite, gripe, infecções urinárias e afecções dos pulmões.

No livro PANC de Valdely Kinupp, o autor diz que as sementes maduras da tanchagem (Plantago major) podem ser usadas para fazer farinha e podem ter um uso similar a do gergelim, as sementes são ricas em zinco, ferro, manganês e sódio. Pode-se germinar e produzir brotos para usos culinários.


Tanchagem ou tanchagem-grande,  Plantago major, Osasco, agosto/2016

Tanchagem ou plantagem, Plantago tormentosa, Butantã, agosto/2016
  https://sites.google.com/site/florasbs/plantaginaceae/tanchagem-1

segunda-feira, 29 de agosto de 2016


CAPUCHINHA, nastúrcio, Tropaeolum majus


Capuchinha na horta do Sesc Osasco, agosto/2016


















Talvez a panc mais difundida entre os que querem iniciar usos culinários das pancs, seja a capuchinha, plantinha rasteira muito simpática presente em muitas hortas orgânicas, hortas urbanas e mesmo em canteiros de jardins, suas flores laranja, amarelo-ouro e um vermelhão quase vinho se destacam alegremente colorindo as hortas...

Em minha oficina no Sesc Osasco ocorrida no dia 14/8 aproveitei a grande quantidade da capuchinha na horta para fazer um patê de ricota com algumas folhas dela, porque possui um agradável sabor de agrião, talvez um pouco forte para se comer crua na salada, mas as flores são bem palatáveis para quem gosta da picância do agrião. Além disso ainda decora lindamente os pratos culinários.

Segundo Valdely Kinupp em seu livro PANC – Plantas alimentícias não convencionais, de seus frutos verdes pode-se fazer uma conserva: deixar na água salgada por 3 dias. Temperar vinagre com alho, pimenta, sementes de coentro, etc, e aquecê-lo, colocar em vidro esterilizado e cobrir com vinagre. Aquecer em banho-maria por 5 minutos. Substitutos das alcaparras.


Patê de folhas de capuchinha

1/2 de ricota
8 folhas cruas de capuchinha
azeite e sal a gosto
flores de capuchinha para decorar.

Processe tudo no mixer ou liquidificador. Decore com flores da capuchinha.


Capuchinha ou nastúrcio na horta do Sesc Osasco, agosto/2016

Patê de ricota com folhas de capuchinha


Salada panc's: azedinha, bertalha coração, serralha e flores de capuchinha e bruschetta panc's com pão artesanal da Masseria http://www.masseria.com.br/site/


Oficina de Panc's no Sesc Osasco, agosto/2016

sábado, 20 de agosto de 2016


CORAÇÃO DA BANANA VERDE

A primeira notícia que eu tive de uso do coração da banana verde, veio através do seu Paulo das Ervas de Jesus Pereira em Salesópolis, quando fui conhecer suas 880 espécies de plantas e árvores medicinais no ano passado: xarope do coração da banana para curar bronquite.

Mais tarde alguém me falou sobre fazer o coração da banana verde refogado... Quando fui ao Vale do Capão na Bahia, visitar minha amiga Ondina, falei do antepasto do coração da banana, assim que vi um pendurado em uma bananeira da horta do Lothlorien. Ganhamos nosso mangará (outro nome para o coração da banana verde) e preparamos como se fosse um antepasto de berinjela, sendo que esta é bem macia e o mangará mais durinho. Delicioso sabor!!!


ANTEPASTO DO CORAÇÃO DA BANANA VERDE

1 coração de banana verde, colhido antes das bananas amadurecerem 
2 colheres de sopa de suco de limão para 1 litro de água
2-3 dentes de alho picadinhos
1 pimentão em tiras
1 cebola em tiras
óleo de girassol para refogar
sal a gosto
opcional: 1 pimenta malagueta picadinha, azeitonas, uvas passas, salsinha picadinha, orégano ou majericão, azeite

Lave o coração da banana, retire as brácteas mais externas e suas “florzinhas”, corte ao meio e deixe de molho na água com bicarbonato, ou limão ou vinagre por aproximadamente 10 minutos, ferva nesta água o mangará e jogue a água. Repita essa operação por mais 3 vezes, para tirar o amargor. Fatie o mangará em tiras.

Pique e refogue os alhos e cebola em óleo de girassol, quando dourar, junte o coração da banana. Junte um pimentão em tiras, salgue a gosto, mexa de vez em quando, desligue quando as tiras de mangará estiver macias. Se quiser, acrescente um pouco de pimenta picadinha, azeitonas, uvas passas, salsa picadinha, orégano ou manjericão. Regue com azeite antes de servir. Fica muito gostoso no sanduíche.

Coração da banana verde ou mangará, agosto/16

Antepasto do mangará com decoração panc's: flores de capuchinha,  folhas de tanchagem, barba-de-falcão,  amoras verdes, sucesso garantido


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

PICÃO BRANCO, Galinsoga parviflora, G. Quadriradiata e PICÃO PRETO, Bidens pilosa, B. alba


PICÃO BRANCO, Galinsoga parviflora, G. Quadriradiata e PICÃO PRETO, Bidens pilosa, B. alba



Desde a época de criança me lembro dessas plantas sempre presentes na horta da casa da minha mãe. O picão branco atraia meu olhar pelas suas minúsculas florzinhas que lembravam um pouco a uma margarida branca, minha flor predileta. E o picão preto, como não se lembrar de suas inúmeras sementes grudando na nossa roupa quando passávamos por perto dela? Até hoje continuo tirando suas sementes de minhas roupas.

Picão-branco, Galinsoga parviflora, Osasco, agosto/16

Na Colômbia o picão branco é chamado de guasca ou gua em Quéchua, muito usada na culinária andina, tem leve sabor de alcachofra após ser refogado. Muito rico em cálcio, ferro, riquíssimo em magnésio, além de boas doses de fósforo, manganês, sódio, zinco e cobre segundo dados de Valdely Kinupp no livro PANC – Plantas Alimentícias não Convencionais. Refogue como se fosse uma couve os galhos com folhas e flores. As folhas secas moídas podem ser guardadas e consumidas mais tarde. O chá de suas folhas é usado na medicina popular para doenças broncopulmonares, segundo Harri Lorenzi, no livro Plantas Medicinais.


Picão-branco, Osasco, em um canteiro na calçada, agosto/16


Picão-branco refogado com alho, delicioso sabor de alcachofra


Já o picão-preto, para mim, é uma farmácia viva: é muito utilizada em banhos em bebês quando estão com icterícia; em chá com gengibre e limão para combater febre, tosse e gripe. Também para curar laringite, hepatite, é vermífuga, para diabetes, disenteria, problemas no fígado... É anti-inflamatória, antibacteriana, antibiótica, antimicrobiana e antioxidante. Segundo Kinupp é riquíssimo em cálcio, fósforo, sódio e magnésio, além de boa fonte proteína, fibras, de ferro, manganês, cobre e zinco. As folhas jovens podem ser consumidas cruas em saladas ou refogadas.


                              picão preto ou carrapicho


                           picão preto, Bidens pilosa


Picão-preto, Bidens pilosa, estacionamento na rua Paim,  junho/16



sexta-feira, 5 de agosto de 2016


TAIOBA ROXA Xanthosoma violaceum

A taioba roxa é nativa da América Central. Conforme recomendação de Valdely Kinupp no livro Plantas Alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil, as folhas e talos jovens podem ser consumidos desde que bem cozidos e os rizomas cozidos e fritos. Devemos sempre colher as folhas mais novas, tirar as nervuras principais, recomenda-se branqueamento, ou seja, ferva água e coloque as folhas rasgadas com os talos cortados em pedaços, conte até 3, retire e jogue água gelada para parar o processo de cozimento. Fatie e refogue depois normalmente com seus temperos preferidos, alho, cebola, pimenta, etc. Tem sabor leve de couve.

Suas folhas são ricas em potássio, cálcio, zinco, ferro, manganês, boro, etc. Os rizomas podem ser branqueados por alguns minutos, depois fatiados e fritos, segundo Kinupp.



Coletando mudas na Oficina de Identificação de Pancs no Jd. Damasceno, agosto/16 - foto: Nivalda Aragues

No dia 1/8 último, realizei uma Oficina de Identificação e Coleta de Mudas de Pancs no Espaço Cultural Jardim Damasceno, na Brasilândia. Saímos do Espaço Cultural e logo no barranco do campinho de futebol pudemos coletar várias espécies: dente-de-leão, radite, barba-de-falcão, tanchagem, etc.




Coletando mudas de pancs no Espaço Cultural Jd. Damasceno, agosto/16 - foto: Nivalda Aragues




Caminhamos mais pra frente seguindo o parque linear encontramos um terreno baldio com várias taiobas roxas com folhas enormes, coletamos aí várias mudas, algumas para plantar na horta do Espaço Cultural.

Também encontrei a taioba roxa no parque Mário Covas na avenida Paulista.



Coletando mudas de taioba roxa no Jd. Damasceno, Brasilândia, agosto/16 - foto: Nivalda Aragues

Taioba roxa no Parque Mário Covas na avenida Paulista - julho/16

Taioba roxa no Parque Mário Covas na avenida Paulista - julho/16


quinta-feira, 28 de julho de 2016



MENTRUZ RASTEIRO, Coronopus didymus e ERVA-DE-SANTA-MARIA, Chenopodium ambroisiodes

Certo dia em junho deste ano resolvi fazer um passeio de identificação de pancs aqui pelo centro de Sâo Paulo, especificamente na Bela Vista. Fui caminhando meio levada pela intuição até chegar na rua Paim, já tinha quase que desistido de encontrar uma variedade de pancs, quando me deparo com um enorme estacionamento de carros e muitas plantas crescendo. Peço para olhar as plantas e o rapaz me autoriza a pesquisar as ervas do local.

Enquanto subia uns degraus pelo terreno um pouco em declive, já tinha percebido umas ervas-de santa-maria nascendo ao lado de uma mureta. Chegando na parte de cima vejo o chão forrado de mastruço rasteiro, pequenas mudas por toda parte... o mastruço rasteiro tem um sabor meio de agrião, ardido, lembra também o sabor da mostarda, ótimo condimento para se agregar a um molho de salada. Além do mastruço vi muitas outras espécies comestíveis como begônia, dente-de-leão, maria-pretinha, caruru, capiçoba, bertalha-coração, dentre outras, além de espécies medicinais...

tomatinhos recheados com creme de iogurte, maionese e mastruço rasteiro sobre folha de  chapéu de sol


creme de iogurte com maionese caseira e mentruz rasteiro picadinhopara salada

Mentruz rasteiro ou mastruço, Coronopus didymus crescendo no estacionamento da rua Paim, junho/2016



Eu já tinha visto o mentruz rasteiro nascendo em plena rua da Consolação, esquina com a avenida Paulista em uma frestinha da calçada, no Pacaembu, de onde coletei algumas mudas, nos Jardins, na Vila Romana e na pracinha mais próxima à aldeia indígena Tekoa Ytu.

As espécies de mastruços, mentruz ou mastruz normalmente são consideradas vermífugas, imagino que pelo sabor e aroma menos acentuado do que o mentruz (erva-de-santa-maria), sejam vermífugos mais moderados.

A erva-de-santa-maria possui um odor característico extremamente forte, um tanto desagradável para meu paladar. Segundo Valdely Kinupp, um dos autores do livro PANC – Plantas Alimentícias não Convencionais, este mentruz ou mastruz, no México é usado para temperar o feijão.

Como vermífugo é recomendado um chá infuso para ser bebido por apenas 8 dias, além desse período é considerado tóxico, segundo o naturalista Jaime Brunning. O óleo do mentruz ou erva-de-santa-maria não deve ser consumido em hipótese nenhuma, é altamente tóxico.





Erva-de-santa-maria em um parquinho da  Paróquia do Divino Espírito Santo, na rua Frei Caneca, junho/2016

Mentruz ou matruz ou erva-de-santa-maria nascendo no estacionamento da rua Paim, junho/2016

RECEITA: Creme para salada - molho de iogurte, maionese caseira com mentruz rasteiro

1 copo de iogurte natural
faça maionese com 1 ovo e vá juntando azeite até formar um creme a seu gosto, salgue, a seu critério ou bater com 2 ou 3 colheres (sopa) de mastruço  ou coloque picadinho no creme
1 dente de alho picadinho
3 ou 4 rodelas de cebola picadinha
misture tudo, recheie tomates e o restante use como molho de salada


Onde comprar o mastruço rasteiro: feira orgânica da Água Branca

sexta-feira, 22 de julho de 2016

LÍNGUA-DE-VACA, LABAÇA, Rumex obtusifolius


LÍNGUA-DE-VACA, LABAÇA, Rumex obtusifolius


Em um passeio guiado da Neide Rigo, fui apresentada à uma língua-de-vaca ou labaça (Rumex obtusifolius) dentro do Parque da Lapa, colhi algumas folhas e comi na salada junto com outras hortaliças cruas. Tinha um sabor nada notável.

Eu estava em dúvida se iria conseguir reconhecê-la novamente, e enfim não faz muito tempo, encontrei lindos exemplares na aldeia indígena, Tekoa Ytu, durante o trabalho de horta da escola guarani no Jaraguá. Já essas línguas-de-vaca da aldeia possuem sabor muito forte, dificilmente aceitável para meu paladar, comer crua. Dependendo da qualidade do solo e outras variantes, o sabor das plantas pode mudar consideravelmente.


Língua-de-vaca, Rumex obtusifolius na aldeia  guarani Tekoa Ytu, maio/2016

Descobri também que a Horta das Corujas possui uma grande quantidade de língua-de-vaca crescendo plenamente, com folhas muito grande que chegam a se confundir com o confrei. Para a Oficina de Identificação de panc's no mutirão da Horta das Corujas, que ocorreu em junho/2016,  resolvi fazer um patê de ricota e folhas de língua-de-vaca batidas no liquidificador, cruas mesmo já que essas tinham um sabor muito suave. Temperei apenas com sal e azeite, quem provou gostou, tinha um sabor bem suave, diferente da azedinha, a Rumex acetosa, que tem um sabor azedo, digamos meio cítrico.

Também encontrei algumas mudas da labaça nascendo na praça Waldermar Ortiz em frente ao terminal de ônibus Butantã.


Língua de vaca ou labaça na aldeia Tekoa Ytu no Jaraguá, maio/2016



quarta-feira, 13 de julho de 2016


PANC'S NA PERIFERIA (PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS) - OFICINA DE IDENTIFICAÇÃO DE PANC'S NO ESPAÇO CULTURAL JD. DAMASCENO NA BRASILÂNDIA

Dia 17/7/16 as 9h30, domingo,  ocorrerá uma Oficina de Identificação de Panc's no Espaço Cultural Jd. Damasceno - rua Talha Mar, 105 - Jd. Damasceno.  EVENTO CANCELADO transferido para 1/8

Costumo dizer que as panc's gostam de pessoas, constatei uma grande presença destas plantas em áreas com moradias, como hortas e proximidades de casas, onde há movimentação de pessoas: jardins, quintais, parques, praças, nas frestas de calçadas e frestas de muros...

Então por que não fazer uso deste recurso tão abundante e nutritivo, podendo mesmo se transformar em renda para as pessoas que trabalham em hortas? Devemos então difundir e levar a cultura desta alimentação rica, que privilegia a diversidade ecológica, orgânica, espontânea, saudável, de sabores exóticos a serem descobertos e que a natureza generosamente oferece “em nossa porta”.

Este tema também é uma oportunidade de voltarmos a nos reconectar com a terra, com a biodiversidade, com a sustentabilidade, com um novo olhar sobre os recursos naturais, com a preservação do meio ambiente, etc...


Oficina de Identificação de Panc's na Horta das Corujas – 19/6/16, foto de Pops Lopes


sexta-feira, 8 de julho de 2016

VOCÊ CONHECE OS FRUTOS DA PUPUNHA?


VOCÊ CONHECE OS FRUTOS DA PUPUNHA?

Domingo último visitei com alguns amigos, meus amigos a Ana do mel e o Paulo, no sítio Floradas da Serra em Embu Guaçu. Chegando lá logo notei lindas mudas de pariparoba nascendo felizes em toda parte pelo jardim, na entrada uma astrapéia branca para atrair as abelhas, e uma astrapéia rosa do lado de dentro da propriedade.



Astrapéia branca



Fomos recepcionados carinhosamente, lindo lugar com uma quantidade de plantas enorme, praticamente todo o sítio preenchido com mata. Neste local tão incrível cria-se abelhas, estas fantásticas trabalhadoras incansáveis com a linda função de polinizar as plantas.

Entre as muitas árvores do local, está a pupunha e fomos apresentados à fruta da pupunha, eu nunca tinha visto, tem uma cor bem alaranjada, provamos ela cozida, tem sabor que lembra a mandioca, e também um bolinho feito com farinha, ovos, queijo e acho que farinha de arroz, delicioso! Cozinha-se simplesmente com água e sal e é muito comum na Amazônia. Segundo Valdely Kinupp, o fruto tem alto teor de carotenóides. Os carotenóides agem como antioxidante, isto é previnem doenças cardíacas e câncer, além de retardar o envelhecimento celular e estimulam o sistema imunológico.

Aproveitei para coletar as pancs que nasciam por todo o jardim e fiz uma salada “Só pancs” decorada com flores de maria-sem-vergonha, temperada com azeite, limão cravo delicioso e um sal temperado da Ana com manjericão, orégano, hortelã e alecrim moídos, adorei! Apesar da geada que tinha queimado uma grande quantidade de plantas, rebrotaram novas plantinhas para o novo ciclo de vida. E aproveitamos as bênçãos de cada dia.





O fruto da pupunha



Os frutos da pupunha descascado, prontos para serem cozidos




Os bolinhos deliciosos da Ana e para acompanhar salada "taboulé  de  été" e  salada "só pancs" com flores